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Publicado por Ana Maria em

"Advogado é doutor? Entenda o porquê"

No Brasil, é comum ouvir que advogado é doutor, mesmo quando o profissional não possui um título acadêmico de doutorado. Essa prática, amplamente difundida na sociedade, desperta dúvidas e debates: por que advogado é chamado de doutor, se nem sempre cursou um doutorado? Essa designação, apesar de parecer apenas um costume de cortesia, tem raízes históricas profundas e remonta à formação das primeiras instituições jurídicas do país.

Durante o período imperial, o Brasil passou a valorizar intensamente as carreiras jurídicas como símbolo de status, autoridade e erudição. A criação dos primeiros cursos de Direito em São Paulo (Largo de São Francisco) e Olinda, em 1827, reforçou essa percepção. Na época, poucos tinham acesso à educação superior, e o bacharel em Direito era visto como um expoente do saber — condição que lhe conferia automaticamente o tratamento de “doutor” em círculos sociais e profissionais, mesmo sem que houvesse titulação formal. É justamente nesse contexto que se entende porque advogado é chamado de doutor: o título funcionava como um reconhecimento simbólico de prestígio intelectual e formação de elite.

Ao longo do tempo, essa prática foi se consolidando, especialmente dentro do ambiente jurídico, onde formalidade e tradição caminham juntas. Hoje, muitos ainda se perguntam: pq advogado é doutor, e se esse costume ainda faz sentido em um mundo onde os títulos acadêmicos são mais acessíveis e bem definidos.

Nos próximos tópicos, vamos analisar os fundamentos legais, culturais e institucionais por trás desse uso e discutir se, afinal, é correto chamar advogado de doutor.

Advogado é doutor: tradição, etiqueta ou exagero?

O debate sobre por que advogado é chamado de doutor envolve aspectos históricos, sociais e jurídicos que vão além da simples formalidade. No imaginário brasileiro, o Direito sempre ocupou um lugar de prestígio intelectual e político, sendo uma das áreas mais associadas à elite acadêmica desde o século XIX. Essa tradição consolidou a prática de tratar os bacharéis em Direito como “doutores”, mesmo sem que houvesse a titulação acadêmica formal de doutorado.

Durante o Império, os formados pelas primeiras faculdades de Direito do país ocupavam posições de destaque na administração pública, no legislativo e no judiciário. Como reflexo dessa influência, o tratamento por “doutor” passou a ser uma marca de respeito, reforçando a autoridade desses profissionais no meio social e jurídico. Essa etiqueta permanece viva até hoje, especialmente em ambientes como tribunais, audiências e peças processuais formais, onde é comum ver magistrados, promotores e advogados se tratando mutuamente com o título.

A própria OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) já se manifestou informalmente sobre o tema, reconhecendo que advogado pode ser chamado de doutor por costume, ainda que isso não represente uma titulação acadêmica. A entidade não regulamenta o uso do termo, mas também não o condena, entendendo seu valor simbólico na cultura jurídica nacional.

No entanto, nem todos compartilham da mesma visão. Correntes mais modernas argumentam que não é correto chamar advogado de doutor sem a devida titulação, pois isso pode gerar confusão entre um tratamento honorífico e o reconhecimento acadêmico. Para esses críticos, o uso indiscriminado do título enfraquece seu valor e perpetua hierarquias formais desnecessárias.

Ainda assim, o fato é que, por tradição e reconhecimento social, muitos continuam a afirmar que advogado é doutor — não por direito legal, mas por costume histórico amplamente aceito.

Considerações finais: é correto chamar advogado de doutor?

Considerações finais: é correto chamar advogado de doutor?

Embora não exista obrigação legal ou regulamentação que imponha o uso do título, é inegável que o costume de chamar profissionais do Direito de “doutor” faz parte da tradição cultural brasileira. O debate sobre se é correto chamar advogado de doutor ganha relevância num cenário em que títulos acadêmicos passaram a ser mais valorizados e criteriosamente definidos.

A prática tem raízes históricas legítimas, mas não deve ser confundida com um grau acadêmico. Ao escolher utilizar — ou não — essa forma de tratamento, muitas vezes expressa-se respeito à formalidade institucional ou à etiqueta social do meio jurídico. No entanto, essa escolha não pode servir de instrumento para distinções hierárquicas infundadas.

Portanto, ao refletir sobre pq advogado é doutor, é válido considerar que o reconhecimento profissional deve estar mais associado à competência, ética e atuação prática do que ao uso de títulos honoríficos. Tradição ou vaidade? A resposta cabe a cada um.

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